31/10/2021
Por Cristian Rafael Pelliza (*)
A agenda econômica da semana, no Brasil, teve como ponto mais relevante a decisão sobre a taxa Selic, nossa taxa básica de juros. Diferente das reuniões anteriores, em que tivemos altas sucessivas de 1%, o Banco Central optou por uma elevação de 1,5% na taxa, que atingiu 7.75% ao ano. Dois pontos merecem destaque nessa decisão: a resistência da inflação e a deterioração no quadro fiscal.
Do ponto de vista inflacionário, tivemos a divulgação do IPCA-15, a prévia da nossa medida oficial de inflação, que acelerou 1,20% no período e com um acumulado de 10,34% em 12 meses. O indicador, mais de 5% acima do teto da meta, vêm sendo pressionado pelos preços da energia, os combustíveis dado o aumento expressivo no preço do petróleo no mercado internacional e pela recuperação gradual de setores antes comprimidos pela pandemia, como os serviços.
Do ponto de vista fiscal, a apreensão do mercado com o possível estouro do teto dos gastos, que tem como uma consequência direta pressão sobre preços, gerou um estresse de mercado com abertura de curva de juros, queda na bolsa e câmbio depreciando. Assim, o Banco Central optou por uma alta mais expressiva sobre os juros, dado o cenário fiscal deteriorado e já sinalizou nova alta na mesma magnitude na próxima reunião do Copom.
No cenário internacional tivemos a divulgação do crescimento do PIB americano no terceiro trimestre, mostrando uma desaceleração considerável em relação ao trimestre anterior. O crescimento anualizado foi de 2%, contra 6,7% no segundo trimestre. O trimestre foi marcado por aumentos nos casos de covid, gargalos no abastecimento de insumos e pressão sobre custos, dado o encarecimento nos combustíveis. Ao mesmo tempo, a reta final do trimestre mostrou-se mais promissora, com o mercado de trabalho registrando os menores pedidos iniciais de seguro-desemprego em 19 meses na semana do dia 16/10.
Na Zona do Euro, houve divulgação das taxas de juros, mantidas em 0% e com o anúncio de que devem prosseguir os estímulos econômicos. Na Alemanha, seguem as pressões sobre preços, também dados os gargalos na indústria e o custo energético, com o índice de preços ao consumidor ajustado pela inflação dos países da Zona do Euro atingindo 4,6%, o maior desde 1997.
Para a próxima semana os olhos do mercado estarão voltados para a reunião do comitê de política monetária americano, em que deve ser anunciado o início da retirada de estímulos na economia. Além disso, os Estados Unidos irão divulgar a abertura de novas vagas de emprego no mês de outubro (payroll). O Reino Unido também possui decisão sobre taxas de juros, enquanto que na Zona do Euro teremos a divulgação do índice de preços ao consumidor e o PIB do terceiro trimestre. No Brasil a atenção segue voltada para as questões fiscais, como o avanço da PEC dos precatórios e a implementação do Auxílio Brasil. Entre os indicadores a serem divulgados teremos a atividade industrial e o IPC-Fipe.
(*) Cristian Rafael Pelizza é mestre e doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), graduado em Economia pela Unochapecó e atualmente é economista e Head das áreas de Renda Fixa e Fundos de Investimento na Nippur Finance. Ele é professor de economia, com ênfase em Econometria, Microeconomia e Mercado Financeiro na Unochapecó.
Saiba mais acesse: [https://www.nippur.com.br/].
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