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PGR apura se Monark e Kataguiri fizeram apologia do nazismo; Apresentador é desligado do Flow

09/02/2022


O caso está nas mãos da Procuradoria-Geral da República porque Kataguiri tem prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal (STF)



Augusto Aras determinou abertura de inquérito sobre falas no podcast "Flow" desta segunda. Apresentador defendeu que nazistas pudessem criar partido e difundir ideias, e deputado criticou criminalização do nazismo.


O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou nesta terça-feira (08/02) a abertura de um inquérito para apurar se o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) e o ex-apresentador do podcast Flow, Bruno Aiub, conhecido como Monark, cometeram crime de apologia do nazismo durante um episódio gravado nesta segunda.


O caso está nas mãos da Procuradoria-Geral da República porque Kataguiri tem prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal (STF). O órgão informou que Aras não irá se posicionar no momento sobre esse caso específico, mas que "reitera posição contra o discurso de ódio já externada em mais de uma oportunidade".


O que Monark e Kataguiri disseram


Na segunda, Monark recebeu no podcast Kataguiri e a deputada Tabata Amaral (PSB-SP). Quando o debate girava em torno de regimes radicais de direita de esquerda, Monark defendeu o direito de ser antissemita e disseminar essas ideias.


"Se o cara quiser ser antijudeu, eu acho que ele deveria ter o direito de ser", afirmou ele. "A esquerda radical tem muito mais espaço do que a direita radical na minha opinião. […] Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei."


Kataguiri, por sua vez, afirmou que a Alemanha teria errado ao criminalizar o nazismo em 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial, e que o melhor caminho seria deixar que a ideologia fosse "rechaçada pela sociedade". "Qual é a melhor maneira de impedir que um discurso mate pessoas e que um grupo étnico racial morra? É criminalizar? Ou é deixar que a sociedade tenha uma rejeição social?", questionou.


Tabata se opôs a ambos durante o podcast. "Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca a vida do outro em risco. O nazismo é contra a população judaica, isso coloca uma população inteira em risco", afirmou, lembrando do Holocausto, que resultou no assassinato de 6 milhões de judeus.


Monark está fora do Flowpodcast


Nesta terça, dia 8, Monark divulgou um vídeo com um pedido de desculpas. Ele disse ter errado na sua fala sobre o nazismo e que "estava muito bêbado" durante a gravação do programa. "Fui defender uma ideia [...] de um jeito muito burro, estava bêbado, falei de forma muito insensível com a comunidade judaica, e peço perdão pela minha insensibilidade". Ele também pediu "um pouco de compreensão, são quatro horas de conversa, eu estava bêbado, fui insensível sim, errei na forma como me expressei".


Em seguida, os Estúdios Flow, que produzem o podcast, divulgaram um comunicado informando que haviam retirado o último episódio do ar e rompido o vínculo com Monark.


"Reforçamos o nosso comprometimento com a Democracia e Direitos Humanos. (...) Esta decisão fora tomada em conformidade com o que determinam todos os preceitos de boa prática, nossa visão e missão", informa o comunicado, acrescentando que a empresa lamenta profundamente o ocorrido. "Pedimos desculpas à comunidade judaica em especial e a todas as pessoas, bem como repudiamos todo e qualquer tipo de posicionamento que possa ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de uma sociedade."

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