17/05/2023
Wilson Bley Lipski, o presidente do banco, explica as mudanças nos últimos quatro anos
O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) deve liberar para financiar projetos no Paraná, em 2023, mais de R$ 1,8 bilhão. Diferentemente de um banco comercial, o BRDE não visa apenas o lucro, mas principalmente o desenvolvimento social da região em que a atua. Os valores mostram que o BRDE é o maior banco de fomento da Região Sul do Brasil. Nos três estados em que atua (além do Paraná, abrange o Rio Grande do Sul e Santa Catarina), serão mais de R$ 4,4 bilhões de investimentos em projetos que trarão contrapartida para a sociedade destes estados.
"O BRDE tem uma história rica, de participação ativa nos 62 anos de existência. O banco tinha uma participação restrita dentro da sociedade, mas precisava ter uma alavanca maior, a gente não poderia ser considerado apenas um repassador de recursos, então resolvemos diversificar as fontes e pulverizar o crédito. Assim, estabelecemos um plano estratégico para estabelecer essa nova visão econômica-social, de forma prática e mais acessível”, explica o presidente do BRDE, Wilson Bley Lipski.
As mudanças ocorreram há quatro anos, quando Bley iniciou sua gestão. Na nova gestão, o BRDE procurou grande financiadores internacionais, que diversificaram e aumentaram a capacidade de o banco oferecer mais crédito para o desenvolvimento dos estados. No novo modelo, o BNDES responde por 60% do dinheiro que é emprestado aos empreendimentos.
"Nós queríamos ser um banco mais presente. Quando entrei, fui em todas as associações comerciais e de municípios. Mas logo depois veio a pandemia, que nos exigiu reinventar a forma de atuação. Saímos de aproximadamente 200 operações por ano, para mais de 10 mil operações anuais. Conseguimos aprimorar sistemas, como o de instalar uma plataforma para fazer a gestão dos documentos, proporcionado mais agilidade nos processos", conta Bley.
A forma de administrar colocada em prática por Bley fez com que o BRDE saltasse de 30 mil clientes para 39 mil clientes no período de quatro anos. O agronegócio foi o setor que mais solicitou crédito do BRDE, com 33% das operações e na sequência foram os projetos para energia limpa e renovável, com 24,5% das operações.
Banco Verde
As novas características do banco renderam a marca de "Banco Verde", a partir das operações nas áreas projetos vinculados à sustentabilidade e proteção da água; prevenção e controle da poluição; proteção e restauração da biodiversidade; mitigações e adaptações às mudanças climáticas, entre outras ações. A sustentabilidade, seja ela econômica, social ou ambiental das propostas é uma das contrapartidas que o BRDE coloca para firmar novos contratos. Em 2022, 79,5% das operações estavam alinhadas com ao menos um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
"A nossa análise das operações não é apenas uma análise de dinheiro - pagamento e garantia. Eu preciso agregar algum valor. O empresário vai financiar uma máquina, eu preciso avaliar os impactos de empregabilidade criados, o desenvolvimento da região e até a qualidade de vida daquela região. Essa análise, às vezes, é um pouco subjetiva e isso demora um pouco mais, para fazer os aprimoramentos", conta o presidente.
De acordo com Bley, com o aumento dos valores dos investimentos, foi preciso analisar as transformações que os projetos financiados criaram na sociedade. "Nós saímos de dentro da nossa casa e fomos dialogar com a sociedade", completa.
" Hoje o BRDE é acessível a todos", afirma. “Saímos de uma condição de banco para poucos, para maior visibilidade e possibilidades”, completou.
"Ser um Banco Verde descortinou para nós um campo enorme de diálogo. Lançamos agora uma linha para o hidrogênio verde. As usinas PCH, fotovoltaicas, é algo em que estamos apostando muito".
BRDE Labs
Outra novidade dessa gestão é o programa BRDE Labs, criado para acelerar o desenvolvimento do ambiente de inovação da Região Sul, com o foco em acompanhamento e investimento em startups. O BRDE promove o programa com participação de empresas, mentorias, encontros de forma gratuita, em parceria com instituições de ensino.
"Nós criamos aqui um outro tipo de ambiente. Para financiar startups hoje existem diversos modelos. Mas nós não podemos financiar essas startups, aí decidimos fazer a conexão. Dialogamos com os nossos 39 mil clientes e discutimos qual a necessidade dessas empresas e se eles quem efetivamente participar. Selecionamos as empresas e depois selecionamos as ideias. Nós mesmos vamos selecionar uma três ou quatro para nós.
O problema dos juros
A proposta do BRDE é oferecer crédito mais em conta para os empreendedores. Mas a questão dos juros brasileiros acaba sendo um obstáculo a ser superado. Para Bley, a crise econômica do país era um choque que precisava ser enfrentado, mas, de acordo com ele, o "remédio" está ainda em processamento.
"O BRDE se posiciona vendendo um recurso mais barato, mas que é caro. Com a variação cambial conseguimos vender um recurso por um valor razoável. É preciso haver uma discussão a respeito dos bancos de desenvolvimento, que têm características diferentes dos bancos comerciais. Como eles (desenvolvimento|) estão ligados à execução de políticas públicas é um ponto que precisa ser valorizado. Não podemos ser taxados como se fosse um banco convencional", explica.
O presidente do BRDE revela que existe um diálogo para que os bancos de desenvolvimento tenham uma taxa diferenciada. Mas depende da política adotada pelo Governo Federal. Bley destaca as peculiaridades do Sul do Brasil, que garantem a saúde financeira dos bancos de fomento.
"Nós estamos muito voltados para o agro que está exportando. As indústrias daqui são consolidadas, fortes. E um grande diferencial é que nós conhecemos bem o nosso cliente, pois customizamos esse crédito”, detalhou.
Projeto de gestão
Bley afirma ainda que para os próximos quatro anos são discutidos três planos básicos. "O primeiro é continuar nesse alinhamento de banco verde e de execução de política pública. O outro é apoiar Governo do Paraná em um programa audacioso de irrigação e o terceiro é um projeto de armazenar os nossos produtos do agro".
Ele revela que já tem algumas ações em campo. "É preciso entender que não podemos depender da venda de commodities no preço que eles querem lá fora. Na pressão de não ter onde armazenar, vendemos pelo preço que eles querem".
Bley ressalta que é preciso andar em sintonia com o Governo do Estado, para que as ações sejam desenvolvidas de forma coordenada. "Não são ações isoladas do BRDE que vão fazer os projetos se desenvolverem. As ações precisam ser complementares, com cada órgão apoiando o outro", completa Bley.
O BRDE em números
Crédito para projetos sustentáveis - R$ 924,7 milhões
Clientes ativos - 39.199 (em 1.141 municípios)
Contratações - R$ 4,4 bilhões
Ativos - R$ 19,1 bilhões
Investimento Agro - R$ 1,089 bilhão
Lucro líquido - R$ 449,6 milhões
Ações Socioambientais
- Fundo Verde
- Banco Verde
- Práticas ESG
- Aderência de carteira aos ODS - 79,5%
- Incentivos fiscais
- Novos Programas - Empreendedoras do Sul e Jovem Empreendedor
Ações de Inovação
- Participação em FIPs para investimentos em empresas inovadoras
- BRDE Labs
- DEV the DEVS
- Maior repassador em linhas de inovação do Brasil
- Contratação Direta das Startups - Novo Marco Legal
- Esteira Simplificada
- APP BRDE
- BIP - Banco de Ideias
Kommentare